eleições 2018

Baixa mobilização de jovens de Santa Maria retrata descrédito com a política

Eduardo Tesch

Foto: Renan Mattos (Diário)

Marca registrada de um sistema democrático, a participação estudantil na política parece diminuir cada vez mais. Durante o mês de setembro, o Diário percorreu quatro escolas estaduais em diferentes regiões de Santa Maria para ouvir o pensamento dos jovens em relação à política. Na última reportagem da série, o jornal visitou a Escola Estadual Dom Antônio Reis, no Bairro Salgado Filho. Dos 10 alunos dos 1º, 2º e 3° ano do Ensino Médio ouvidos, apenas dois fizeram o título de eleitor e irão votar neste domingo.

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Dos 206.116 eleitores aptos a votar em Santa Maria na eleição, 785 têm entre 16 e 17 anos - o que representa 0,38% do total de votantes. O descrédito em relação à política frente aos recentes escândalos de corrupção contribui para que os jovens, que não são obrigados a votar, optem por não fazer o título de eleitor.

Porém, para professores, a explicação também passa pela desmobilização estudantil da classe secundarista. Na Escola Estadual Dom Antônio Reis, por exemplo, desde que o aluno que liderava o Grêmio Estudantil saiu da escola, os estudantes não conseguiram mais se organizar.

- Desde que esse aluno saiu da escola não conseguimos mais organizar o Grêmio Estudantil. A juventude secundarista teve vários problemas. Isso é reflexo de ações que tentam desmobilizar os estudantes secundaristas há décadas, para que freie o movimento - opina o vice-diretor do turno da tarde da escola, Jeferson Cavalheiro, que concorreu a prefeito de Santa Maria pelo PSTU, em 2012.

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Apesar de ser objeto de estudo em disciplinas como sociologia e filosofia, para muitos estudantes, o debate deveria estar mais presente dentro da sala de aula. O aluno João Gabriel Fagundes, 16 anos, acredita que, se o assunto fosse debatido, mais colegas iriam votar nestas eleições.

- Eu acho que se nós debatêssemos mais política dentro da sala, as coisas iam melhorar. Na minha opinião, falta isso. Quem sabe até mais gente iria fazer o título de eleitor se houvesse mais debate entre os alunos e professores - sugere.

ESPERANÇA
Com 17 anos e com o título de eleitor em mãos desde os 15, o estudante Kevin Lenon diz que ainda tem esperança na política. Para o adolescente, o ato de votar pode transformar a realidade do Estado e também do país.

- É muito importante a gente escolher muito bem o nosso voto. Espero que, com isso, melhore muita coisa no Brasil e no Rio Grande do Sul. A saúde e educação precisam melhorar muito - ressalta.

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